Vestido

09/06/09 - Sobe o pano para a leitura de Vestido de Noiva, de Nelson Rodrigues. Houve uma cópia para todos, André tirou as cópias do bolso e depois o pagamos (acho que todos o pagamos, nem sei). Enfim, primeiro conversamos um pouco sobre a importância do texto; a questão da inauguração do modernismo, o texto alinear, psicológico. André comentou sobre as diversas montagens desse texto. Falou um pouco sobre o teatro mítico de Nelson, que não tem nada a ver com Vestido, mas com a montagem de "Senhora dos Afogados", essa sim peça mítica; que foi encenada em 1993 pela extinta (creio?) CTS - Companhia de Teatro Seraphim, onde André atuou e foi dirigida por Antônio Cadengue, nascido em Lajedo, janeiro de 54 que será nosso professor no terceiro período, há uma biografia muito interessante dele, para encher nossos olhos de vontade de conhecê-lo no Itaú cultural, segue o link -

http://www.itaucultural.org.br/aplicExternas/enciclopedia_teatro/index.cfm?fuseaction=personalidades_biografia&cd_verbete=8986

- Coisa interessante que André contou sobre a montagem foi em relação aos figurinos, que lembram as roupas do siglo d'oro español. Essa concepção se deu durante a captação de recursos da peça, onde Cadengue foi pedir patrocínio para Geralda Farias, PFL, socialite riquíssima e dita interessada em movimentos culturais. Quando Cadengue a apresentou o projeto ela disse "A elite não quer Nelson Rodrigues" Ele botou um ovo e fez os figurinos Elizabetanos como reação à idéia que Nelson não fale às elites, sugerindo que a família Drummond venha justamente da elite.

Fazer o quê Antônio? As pessoas, ainda hoje, tem medo do espelho...

Quanto a leitura foi, foi menos enfadonha, mas ainda assim a achei tacanha, eu já conhecia o texto e queria ter ouvido na leitura o gosto daquele texto. Egoísmo meu, para muitas pessoas, era o primeiro contato, não dava para querer um espetáculo na primeira leitura, fazer o quê?

Depois do texto fomos discutir o que apresentar na conclusão. Aí tivemos umas pequenas discussões porque parte do grupo queria uma peça nova, outra parte queria trabalhar nas cenas que foram desenvolvidas durante os exeperimentos em cima das idéias de Stan, Artaud e Grotowski. Bem, eu fui assumidamente a favor das cenas. Por que? Questão de tempo, temos menos de um mês para montar algo novo, do nada? Não é impossível, mas me preocupo com a qualidade.

Nisso me vem uma reflexão que tenho feito bastante, é mais ou menos assim: O ator deve amar desafios, tá bom. Mas ser bom não é pegar o desafio maior que a perna, ser bom é saber vencer o desafio de cada degrau de cada vez. E uma montagem feita em 20 dias é desafio de muitos degraus. Podemos nos focar no acabamento das cenas, que é o desafio de um degrau só. Mas não deixa de ser um desafio, como todos descobriremos daqui para frente. Uma das inteligências do ator é saber até onde vai. E explorando esse limite, não o forçando, encontrar a riqueza inesgotável de seu ser.

Aí discutimos, discutimos e optamos pelo mais simples, que poderemos fazer com mais amor justamente por ser mais simples: trabalhar em nossas cenas. Sem falar na questão do tempo.

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