Navalha na carne

30/06/09 - Último dia do mês, sobe o pano. Último dia de ensaio antes do ensaio geral próxima terça. Dia de Navalha na Carne, de Plínio Marcos, comigo, Mauro e Thaysa.

Mauro foi ótimo, pegando a responsabilidade que foi de Felipe e assumindo, no início teve um medo de me esbofetear mas depois pegou no tranco, tenho as aftas para provar.

André se apropriou das cenas fragmentadas para propor um ritual de jogo, como se houvessem interrupções e a cena fosse sendo arbitrada e substituída entre os jogadores. Ficou interessante. Talvez seja um distanciamento. Talvez...

Muito trabalho no quesito de intenção para mim, Thaysa e Mauro que, assim como foi comigo, Ju e Biaggio, ficamos indo e voltando no texto para acertar as marcas e dar o sangue da cor que a personagem necessita.

André mudou as marcações no sentido de tirar as sugestões poéticas que nós imprimimos no exprimento com teatro pobre, como o espelho ser o rosto da platéia, a cama que existe simplesmente de uma mudança de plano do ator e a navalha materializada na mão de Thaysa. Usaremos figurinos de verdade, navalha de verdade, espelho de verdade, o ritual ficou todo na troca; que também dialoga com o sistema coringa de Boal e enfim, alguém também deve ter feito isso antes, porque alguém sempre fez antes.

Thaysa saiu muito mal, se sentindo um lixo. Foi muito engraçado porque Ju também se saiu assim do ensaio de Álbum de Família, abaixo meus pensamentos sobre isso.

Primeiro, se estão pedindo de você, é porque você está dando, quando não pedirem, aí sim se preocupe, segundo, é preciso um acabamento, por isso se pede, por isso se cobra; ninguém é ruim ou bom, existe apenas a sua doação, e sua capacidade de fazer o que pedem.

Exemplo, um diretor vê um ator dar um texto e diz "sublinhe as palavras, como se a pessoa para quem você fala não estivesse te entendendo, faça com escarnio"; um mau ator vai fazer um pouco disse e manter boa parte do que fazia, um bom ator vai abandonar o que fazia e fazer o que pediram. É muito difícil se desligar de nosso vícios e aceitar a insegurança da doação.

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