O malandro/3 vinténs

15/06/09 - Sobe o pano. Fomos assistir à Ópera dos 3 vinténs, de Brecht. Muito, muito legal o filme. Conta a história de Mac the Knife, o grande malandro do Soho londrino e como ele balança entre as esposas, os cabarés, os policias, os políticos e os bandidos do bairro mais sórdido de Londres.

Não surpreende nada que Chico Buarque tenha visto a ligação entre a história e a realidade do morro e do malandro, personagem pitoresca, que existe no inconsciente coletivo e aqui no brasil veste branco, samba e (também) usa uma navalha.

Falando nisso, vou transcrever aqui a letra de "A volta do malandro" música da peça de Chico, que traduz bem a questão e eu adoro.



"Eis, o malandro na praça outra vez
Caminhando na ponta dos pés
Como quem pisa nos corações
Que rolaram dos cabarés
Entre deusas e bofetões
Entre dados e coronéis
Entre parangolés e patrões
O malandro olha assim dei viés
Deixa atravessar a maré
E a poeira sentar no chão
Deixa a praça virar um salão
Que o malandro é o barão da ralé"

Aí o professor destacou a simplicidade do recurso do distanciamento, entretanto como ele não pode ser graça, como às vezes acontece, como ele deve ser pensado, simples justamente para não atrapalhar a peça, para não chamar a atenção demais. A natureza da quebra também deve ser pensada, para dar a sugestão desejada ao público.

O recurso ficou muito forte em mim ao assistir ao filme porque quando ele ia morrer eu estava forte junto com Mac sofrendo por ele morrer, eu gostava tanto dele. E quando ele caí da forca e volta minha vontade foi gritar "Não, agora você morre, eu não sofri tanto pra você viver e brincar de teatro, agora morre! Morre!" Mas ele não morreu, e eu ainda estou com isso me cutucando.

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