Dramaturgia

28/07/09 - Sobe o pano. Aula com Igor de A. Silva, nosso professor de Dramaturgia, a disciplina favorita de André Filho, que durante seis meses de aula de interpretação nos falava sempre "a dramaturgia isso, a dramaturgia aquilo..." ele se sentiria realizado pagando essa cadeira conosco. Que saudade de André, grande figura.

Primeiro fomos informados que ganharemos ingressos para o aplauso semana que vem e não assistiremos aula, massa. Nos lembraram de novo das faltas, que uó.

Aí sim, tio Igor, acho que ele tem um sotaque carioca, não tenho muita certeza, foi só uma impressão, é formado em Cênicas pela UFPE e acabou faz pouco tempo um mestrado em cima de duas peças de um dramaturgo chamado Luiz Marinho, que pesquiso depois e dou mais informações.

Aí, muito bacana do professor ter montado a cadeira com foco no estudo da personagem, procurando assim com os conhecimentos a serem estudados nos instrumentalizar mais como atores.

Porque podíamos passar seis meses fazendo unicamente o exercício dos críticos - chatear - mas pela primeira impressão professor Igor fará muito mais por nós.

Durante a aula tive uma reflexão assim, vou passar adiante - O ator, quando pega um texto para interpretar; é bom que ele olhe o texto sem preconceitos, tenha uma visão limpa sobre o mesmo para poder criar em cima dele de forma que fale aos homens de seu tempo e espaço, massinha até aí. Agora não dá pra ser débil, alienado; é preciso também entender o texto no seu contexto histórico - que palco foi pensado para suportar esse texto, que tipo de atuação foi pensada na época do texto, qual o contexto histórico, o texto quer divertir, quer criticar; e se quer criticar, o que da critica do passado é pertinente hoje, o que da comédia do passado ainda nos fala hoje. Portanto creio que para negar e criar sem preconceitos é necessário sim conhecer todos os preconceitos, para saber que os derruba aos derrubá-los e não fazer os "experimentalismos" dos quais Neemias tanto nos prevenia. E nesse sentido talvez essa cadeira venha suprir uma necessidade da turma como um todo - Instrumentalizar o ator na abordagem do texto.

Nos foi passado que teremos quatro momentos na disciplina:

1) Análise e pressupostos teóricos

2) Panorama da dramaturgia dramática

3) Análise de Textos

4) Estudo da relação Texto - Cena

Nós tivemos que nos apresentar ao professor, o que foi super constrangedor de uma certa forma porque todos nós já nos conhecíamos e na verdade nos apresentamos unicamente para o tio, mas foi legal também, sei lá.

Nessa história de se apresentar Ingrid fez uma grande revelação pra turma: Ela teve seu grande insight "quero ser atriz" no dia em que interpretou uma árvore na estória de chapéuzinho vermelho. Supreendente, não?

Começamos nosso estudo propriamente dito na poética, de Aristóteles - Isso porque professor Igor citou Aristóteles como uma das primeiras referências que temos de como construir e apreciar uma obra dramática.

O foco foi na teoria de gêneros, onde Aristóteles conceituava o épico, lírico e dramático, noções que temos desde as aulas de literatura do colegial, interessante mesmo foi o que ele disse sobre essas noções "não são de todo inútil". Fica claro aí a intenção dele de nos mostrar tais definições por sua importância histórica muito antes da prática. Ainda que ela funcionem hoje pela simplicidade da análogia de seus conceitos ao fato de toda obra literária de fato se dirigir à alguém de forma peculiar.

Até porque, estava pensando, essa coisa de definição é mô furada, importante mesmo é saber identificar as características marcantes da obra em estudo, como tu vais chamá-las depende exclusivamente de seu senso critíco e sua capacidade de leitura de mundo. Agora que é muito importante mesmo saber como outras pessoas pensaram isso é, já que dá embasa o pensamento contemporâneo.

Interessante mesmo nessa teoria de gêneros foi a questão do gênero adjetivo. Já assumindo que as características marcantes de um gênero podem se misturar com características pertinentes à outros na mesma obra Aristóteles usou de um gênero adjetivo na sua forma de classificar uma obra, admitindo assim a tolice de um "purismo literário" (diga isso aos franceses da renascença). Recurso ressucitado no Brasil por Nelson Rodrigues, que fazia piadas ótimas nessa história de gênero substantivo e adjetivo, como "farsa irresponsável" ou "Tragédia carioca".

Pronto, tá bom.

Aula Inaugural

27/07/09 - Sobe o pano numa velocidade da gota. Alguém considerou dar férias pra gente por acaso? Evânia Copinho (ah, que saudade eu tava dela!) me liga lembrando que as aulas começam hoje e tem que ir que é aula inaugurau mais que especial com Zé Manoel (História do teatro brasileiro) e Maria Rita (a cantora que namorou Falcão... Quer dizer, professora de interpretação). Maria Rita inclusive, fiquei sabendo depois, foi atriz do teatro de Arena em sua última fase, ói que chic!

Bem, não fui à aula por motivos pessoais, mas o pessoal me contou que foi muito bom, Zé Manoel aplicou exercícios de espaço e companheirismo, Maria Rita ensinou a turma como pronunciar corretamente o nome de Brecht (como se eu falasse alemão né meu bem?!).

Também teve pegação de pé por causa das faltas, nos cobrando presença, nos cobrando não reprovar para não termos problemas em tirar o DRT depois. Enfim. Do que sei foi isso. Depois alguém (não sei porque ainda tenho esperanças que alguém vai escrever aqui) completa.

Abraços