Memorial

06/07/09 - Sobe o pano para a última aula de Neemias Dinarte Produções. Primeiro enrolamos muito para começar, já que o grupo de realismo/naturalismo e seu reflexos nos dias de hoje terminou o trabalho meia hora depois que a aula começou.

Começamos eu, Felipe e Vila com teatro grego e reflexos na realidade. Foi bem, muito ruim mesmo. Nós fizemos realmente a pesquisa e realmente discutimos, mas não nos organizamos de forma a nos articular para a turma de forma convencinte. No final foi feito nas coxas e foi. Morreu esse boi.

Como disse na aula e deixo registrada aqui a reflexão - Desde a grécia, onde houve a institucionalização do teatro, até os dias de hoje, quase são se tem fontes para a produção do teatro que se não o governo. Ainda hoje, quer fazer uma produção que não cara, qual a solução? Caixa, Petrobrás, Funcultra e por aí vai... Apesar de uma certa autonomia de instituições como a Caixa e a Petrobrás, por exemplo, de uma certa forma elas sempre serão 'estatais'. Enfim, ainda são limitadas as fontes para produção teatral, de uma certa forma, o teatro, ainda hoje, três mil e poucos anos depois ainda é, principalmente em Recife, donde vos falo, 'estatal'.

Depois o pessoal do Renascimento não estava pronto, o do realismo não tinha chegado, foi o pessoal mais maluco 'do experimentalismo à destruição das formas' que veio com a seguinte tese - experimentalismo representa uma atitude artística, e não um movimento propriamente dito. Daí mostraram como os caras que andamos estudando com Andre - Stan, Artaud e Grotowski - foram 'experimentais', so sentido que experimental é quem ao entrar em contato profundo com uma linguagem vigente, proponha mudanças na mesma a fim de procurar novos códigos e significantes desses códigos (abri o dicionário de semiótica hoje).

Enfim, quanto à destruição das formas Biagio buscou um livro chamado "O teatro pós-dramático" onde se elabora que há uma tendência para um teatro que destrói a dramaturgia, que privilegia o acontecimento teatral por si.

Eu tava pensando e cheguei a conclusão que esses exercícios de 'destruição da dramaturgia' ainda são ecos do que Artaud propunha, que Meyerhold propos antes dele, que é uma tendência que vem procurando se afirmar já há um século e pouco e muito importante para o teatro como arte - A referência do teatro no teatro - durante o estudo da história do teatro nós estumamos o teatro com referências na literatura principalmente (literatura dramatúrgica) arquitetura, artes plástica (a tão falada perspectiva, no Renascimento) e assim como todas as artes, o fenômeno cênico é uma composição de outros fenômenos, mas é importante afirmar que a arte plástica para o teatro não é um uso de outra expressão plástica, a arte plástica para teatro é arte plástica para teatro. Fim. Para que no todo da composição a referência do teatro seja o teatro, uma espécia de afirmação do alicerce da arte.

Agora pensar nisso me faz pensar em milhões de outras coisas - Legal a iniciativa, mas o que o público, o pobre coitado do público, tem a ver com isso? E nisso eu tenho minhas reservas com essa história de destruição da dramaturgia. Não digo que é impossível, que é errado, nada disso. Digo o mesmo que disse em sala 'experimentar é pôr linguagens distintas em diálogo, não é dar pinta'.

Depois foi o pessoal do Renascimento. Destaque fulminante para a performance de Noronha como seminarista (?) Engraçado, em controle do público, chic. Uma das coisas mais legais que eles trouxeram como legado do movimento renascentista foi a quebra do vínculo divino, foi trazer o teatro para questões humanas. Bacana.

Por fim o Realismo e no realismo chegamos de novo, mas sem surpresas, nas novelas. Esses meses de aula com Neemias foi uma verdadeira reflexão sobre a teledramaturgia brasileira. Vou pular esse tópico, deixá-lo para outra ocasião, chamarei a crônica de "Teledramaturgia Brasileira".

No fim de tudo houve a entrega dos memoriais, destaque para o desenho de Vila, o vaso de Geraldo, a máscara de Paulinha (linda), a brincadeira 'algumas verdades', de Camilla, que nos fez rir muito. O vídeo de Ju com fotos nossas e embaladas por Osvaldo Montenegro, Xuxa e Toquinho - Detalhe, nas fotos embaladas por Osvaldo, se tem a impressão que estamos mortos (!). Por fim a grande atração da noite foi o vídeo de Mauro, com entrevistas de todos os alunos sobre o professor e as aulas. Hilário.

Fim. Muita merda.

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