Leitura circular

29/06/09 - Sobe o pano para falarmos do moderno ou pós-moderno. Ninguém sabe ao certo e no final, talvez tanto faça.

Nessa história do combate do tradicional com o destrutivo, a vanguarda. Neemias nos falou sobre os musicais da Broadway, os circuitos adjuntos, como o off-Broadway é chamado. E como lá esses dois movimentos são bem definidos. No Brasil ambos os circuitos também são definidos, entretanto representados por o 'Global' e o marginalizado. Assim como em São Paulo e no Rio também existem movimentos de teatro mais comerciais ou puristas. Aqui no estado é menos mas também há.

Outra coisa interessante foi o que o professor comentou sobre os atentados de onze de setembro. Quando a moral estava baixa e estabelecimentos fechavam, nova yorkinos se mudavam de cidade os artistas da Broadway saíram as ruas pedindo para o povo ficar, pedindo fé. Muito bonito.

Outra coisa são esses espetáculos que duram para sempre, os grandes musicais, 'cats', 'oklahoma', 'les miserables' duram para sempre. Isso me faz pensar no teatro brasileiro, que vive jogando suas coisas fora por uma questão histórica de baixo auto-estima e, também, muito público ainda por ser formado. Seria bom pensar num certo purismo no nosso teatro, que quando quer, não faz feio a nenhum outro. Há iniciativas nesse sentido, como o Angu, com a temporada de repertório que fizeram no começo do ano, Zé Celso, com as comemorações dos 50 anos do Oficina, Antunes, com o prêt-à-porter. Mas pode haver mais, bem mais...

Depois ouvimos uma das clássicas de professor Neemias - A relação entre teatro experimental x teatro inexperiente ou mesmo ruim. A frase é mais ou menos assim, acredito que ela valha a transcrição "Minha gente, tem menino aí que faz um curso de iniciação e já quer ser diretor, aí diz que é diretor de teatro 'experimental', pois eu digo o que é esse teatro experimental, o menino não sabe dirigir, mas tá 'experimentando', os atores não sabem atuar, mas estão 'experimentando', os técnicos não sabem fazer o serviço deles mas estão 'experimentando'; resultado: uma merda. Esse teatro experimental não minha gente, por favor, sejam humildes" Palavras de sabedoria. O pós moderno (?) tem disso mesmo. Uma coisa é dominar (dominar, dominar não é fácil nem é feito do dia para a noite) linguagens diferentes e propor o diálogo entre elas; outra coisa é 'experimentar'. Enfim.

Daí fomos para o trabalho sofrido dos atores aqui na cidade. É difícil viver de teatro, e no fim aparecem as mais diversas, e às vezes até degradantes tarefas para os atores. Estavamos falando do 'happening' palavra americana para performance, para francesa para improvisação, para portuguesa para faz na hora, termo nacional.

Enfim daí lembramos o Fon-fon, onde os atores passam 6h por dia no Sol sofrendo com CO² e motorista e transeuntes nem sempre educados; A noite do terror, onde os atores ficam correndo e gritando atrás de pessoas que raramente os desejam; os homem estátua das lojas; promoters de super mercado e todas essas tarefas pouco artisticas para nós. É dura essa vida. Todo esse sofrimento para comer; porque não dá para subir num palco, e mostrar arte de verdade para as pessoas passando fome.

Depois fomos ler "aquele que diz sim e aquele que diz não", lemos bem direitinho, num plano de leitura chamado "leitura circular" porque é feita num círculo e cada um lê uma fala, independente das personagens. Brincamos bastante de coro e foi legal para ver como o distanciamento pode ser uma coisa besta, como repetir o texto mudando uma coisa pequena, para fazer pensar.

Depois fomos ler "A lição" de Eugene Ionesco e foi muito, muito divertido. Fiquei com vontade de encenar, não vou nem comentar, porque ainda estou com o texto cá aqui, martelando para eu pensar nele.

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