A Nau Naufragada

18/05/09 - Sobe o pano. O espetáculo "Viva a Nau Catarineta" do GRUDAGE, que estava pautado pelo palco giratório para o dia seguinte passaria essa segunda no Sesc de Piedade para fazer uma visita aos alunos da escola Sesc. Claro, ninguém lembrou que é maio, que semana passada choveu quase todo dia, o espetáculo é teatro de rua e o sesc não tem estrutura coberta para teatro de rua.

Enfim choveu. A turma do GRUDAGE ficou lá embaixo tirando um som e nós tivemos que ter aula. A pegadinha é que prof. Neemias preparou a aula imaginando a hora, hora e meia que perderíamos assistindo o espetáculo e convesando sobre ele. Enfim, foi uma aula mais devagar...

Nós fizemos a avaliação do andamento das aulas responde as seguintes perguntas:

1 - Como estou escrevendo minha história no teatro?

2 - Como estou sendo orientado para isso?

Depois trocamos e fomos lendo uns as dos outros em voz alta. Engraçado como cada um se olha. Ouve muita rasgação de ceda para o lado do professor Neemias, que acho meio sem por quê. Neemias é barbado e ele sabe a qualidade do que faz.

Foi engraçado ver como há os humildes, que admitem com a tristeza dos desiludidos que não escreveram história nenhuma, há os que saem contando os títulos, há os metafísicos, que buscam refletir o que realmente ficou das coisas feitas e há os loucos.

Ver isso me deixou profunda uma marca do perfil da nossa turma, que é uma turma jovem, muito crua de teatro ainda, e extremamente ambiciosa, é curioso ver como todos se punem por não estarem em palcos dando o sangue, como há um clima de frustração por estarem juntos tantos atores a procura de um espetáculo (pirandello); pensei agora que esse povo precisa é gozar mesmo.

Nisso lembro uma coisa importante que Neemias vive dizendo - usem esse espaço para experimentar, para aprender praticando coisas ao invés de ficar louco com milhões de coisas.

Inclusive eu, quando começei a reponder as perguntas quis ser o "esperto que sabia o que era história" e ia mostrar minha história pelos registros que tenho dela, as mensalidades do curso, os programas das peças que já atuei, os certificados dos cursos que fiz e com isso tudo só ia mostrar o metido que sou.

Fiz diferente, e aí é a prova da interferencia de titio Neemias, em vez de sair contando documentos olhei com olhar crítico as coisas que já fiz e vi que estive desesperado, querendo fazer, fazer, fazer para acertar.

De repente agora na escola Sesc estou aprendendo a fazer pela necessidade artística, fazer não por fazer, mas fazer porque é necessário. A necessidade é crucial para qualquer ator.

E com isso também estou aprendendo a me livrar das coisas desnecessárias, mas aos poucos, que sou muito egoísta ainda.

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